domingo, 27 de maio de 2012

Instrumentos e Técnicas de Intervenção utilizados pelas estagiárias de Serviço Social

No CMS Milton Fontes Magarão, os instrumentos e técnicas de intervenção utilizados pela estagiária de Serviço Social, Luanna Martins, são: Entrevista individual ou grupal - Ocorre quando o usuário vai até o CMS buscar alguma informação ou encaminhado por outra Instituição. Nesse momento há uma comunicação direta entre assistente social e usuário podendo ser 1 ou mais usuários em que o usuário pode ser ouvido, exprimir suas ideias, vontades e necessidades, mas em que também é exigido do profissional ter uma escuta qualificada para pode compreender o significado do choro, das expressões faciais, pois a comunicação não se dá somente pela fala; Dinâmica de grupo - Muito realizada em trabalhos com um número maior de usuário que estejam vivenciando situações parecidas para sensibilizá-los, como trabalhos sócio-educativos e Grupo de Convivência Alegria de Viver; Reunião - No CMS Milton Fontes Magarão são realizadas reuniões tanto entre os profissionais, quanto entre a assistente social supervisora de estágio e as estagiárias para melhor apreender este momento de contato com a prática para se estabelecer a relação prática e teoria; Livros de Registro - No CMS Milton Fontes Magarão estagiárias e profissionais de Serviço Social tem o costume de todo dia ler o Livro de Registro antes de iniciar os atendimentos para que se possa ter conhecimento do que as outras profissionais e estagiárias de Serviço Social estão desenvolvendo na Instituição. Utilizam um único livro onde anotam as orientações e liberações de condons pelo Programa de Prevenção DST/AIDS e pelo Programa de Planejamento Familiar, as inscrições no Programa de Planejamento Familiar, os monitoramentos do Programa Bolsa Família, os atendimentos de demandas livres, os encaminhamentos, dentre outras questões; e, Diário de campo - Foi pedido pros estagiários no CMS e considero importante para nós, estagiários, para exercitarmos a sistematização de nossa prática e fazermos o exercício de refletirmos sobre nossa teoria e prática e até mesmo para nossa supervisora compreender como estávamos vivenciando o estágio. Em meu Diário de campo fiz críticas, observações sobre a prática de outros profissionais do Serviço Social no CMS, como também propus e realizei um trabalho sobre sexualidade na 3ª idade com o Grupo de Convivência Alegria de Viver.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Instrumentos e Técnicas de Intervenção do Serviço Social

O Serviço Social é chamado pelo Estado e pelas Empresas para intervir nas diversas expressões da "questão social" através das Políticas Sociais, mas com a finalidade de promover o controle, a reprodução (material e biológica) e as mudanças no cotidiano da vida social dos usuários do Serviço Social. Portanto, surge na história como uma profissão fundamentalmente interventiva. 
No momento de sua emergência, atua nas Políticas Sociais com funções meramente executivas. O Movimento de Reconceituação do Serviço Social, criticou essa visão e com o aprofundamento teórico-metodológico (diálogo com a obra marxiana) rompeu com o caráter meramente executivo e passou a elaborar, coordenar e executar as Políticas Sociais. 
Atualmente é fundamental que o profissional do Serviço Social seja crítico e questionador para que possa conhecer a realidade tal como ela realmente é, rompendo com a mera aparência. De posse desse conhecimento, o profissional pode planejar sua ação com muito mais propriedade, visando à mudança dessa mesma realidade. Com isso na ação profissional, o assistente social constrói suas metodologias de ação (instrumentos e técnicas de intervenção social), porém são os objetivos profissionais (construídos a partir de uma reflexão teórica, ética e política e um método de investigação) que definem os instrumentos e técnicas que serão utilizados, e não o contrário. 
Os instrumentos são os elementos mediadores e potencializadores do trabalho, ou seja, é a estratégia por meio da qual se realiza a ação. As técnicas dizem respeito a habilidade humana de fabricar, construir e utilizar instrumentos para que ele se torne o mais utilizável possível. O que se coloca para o assistente social, então, é sua capacidade criativa.
Sabendo-se que o instrumento número 1 do Serviço Social é a linguagem, pois ela possibilita a comunicação entre os profissionais e aqueles com quem interagem.
Podemos elencar 2 tipos de linguagem:
1) Linguagem oral ou direta  Instrumentos de trabalho diretos ou "face a face":
 Observação Participante - Não se trata de uma observação "neutra", pois além do profissional observar para conhecer a realidade, ele interage com o outro e também é observado.
 Entrevista Individual ou Grupal - É uma comunicação direta do assistente social com um ou mais usuários. É diferente do diálogo, pois se tem um entrevistado e um entrevistador. Com isso, o assistente social ocupa um papel diferente do usuário, pois cabe ao profissional conduzir o diálogo, direcionando-o para os objetivos que se pretende alcançar. A entrevista é o momento em que o usuário pode ser ouvido e pode exprimir suas ideias, vontades e necessidades.
 Dinâmica de Grupo - Serve para levantar o debate sobre determinado tema com um número determinado de usuários ou para atender um maior número de usuários que estejam vivenciando situações parecidas. Utiliza jogos, brincadeiras, simulações visando a reflexão de determinadas temáticas.
 Reunião - Estabelece a reflexão sobre determinado tema, mas tem como objetivo a tomada de uma decisão. 
 Mobilização de Comunidades - Mobilizar e envolver os membros de uma população.
 Visita Domiciliar - Tem como objetivo conhecer as condições, modos de vida e a realidade da população usuária.
 Visita Institucional - Tem o objeto de conhecer e avaliar o trabalho desenvolvido por uma Instituição e/ou visitar uma Instituição com a qual o usuário do Serviço Social mantém algum vínculo.
2) Linguagem escrita ou indireta  Instrumentos indiretos ou "por escrito":
 Atas de Reunião - Registro de todo processo de uma reunião, contém as discussões, as opiniões e, principalmente, as decisões tomadas e a forma como o grupo chegou a ela.
 Livros de Registro - Muito utilizado em locais onde circula um grande número de profissionais de modo que a equipe possa saber o que está sendo desenvolvido, portanto, são anotados(as) as atividades realizadas, telefonemas recebidos, questões pendentes, atendimentos realizados...
 Diário de Campo - São anotações livres dos profissionais em que sistematizam suas atividades e suas reflexões no cotidiano. É interessante para a realização de futuras pesquisas. 
 Relatório Social - É o relato dos dados coletados, das intervenções realizadas e das informações adquiridas durante a execução de determinada atividade. Os relatórios podem ser internos (de uso e manuseio do assistente social e da equipe que ele compõe) ou externos (uso e manuseio de agentes que não fazem parte da equipe). 
 Parecer Social - Avaliação teórica e técnica realizada pelo assistente social dos dados coletados. 

Independente do instrumento que se utilize, deve-se ter a dimensão ético-política, ou seja, nossas ações devem estar em sintonia com o Projeto Ético-Político.

Fonte:
SOUSA, Charles Toniolo de. "A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional."

quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Questão Social", Políticas Sociais e Serviço Social

A "questão social" tem uma história recente que data da 3ª década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno que a Europa Ocidental estava experimentando devido os primeiros impactos da industrialização iniciada na Inglaterra no final do século XVIII, que trata-se da pauperização. 
Pela primeira vez na história se registra que a pobreza crescia na razão direta em que aumentava a capacidade social de produzir riqueza. Ao mesmo tempo em que a sociedade cada vez mais produz bens e serviços, mais aumenta os membros da sociedade que não terão acesso efetivo a esses bens e serviços e não terão mais aquelas condições materiais de vida que possuíam anteriormente. 
A Revolução de 1848, foi um divisor de águas, pois o proletariado deixou de ser "classe em si" para ser "classe para si" tendo a consciência de que as expressões da "questão social" são produtos do Modo de Produção Capitalista. Logo, os pauperizados não se conformam com a situação vivida e isso faz com que a classe trabalhadora se mobilize, questione e problematize a ordem capitalista. Foi a partir disso que o pauperismo (pobreza acentuada e generalizada) designou-se "questão social". 
A análise marxiana da Lei Geral de Acumulação Capitalista revela que os diferentes estágios (desenvolvimento) capitalista produzem de acordo com as particularidades sócio-históricas e nacionais, diferentes manifestações da "questão social" que é determinada pela relação capital x trabalho (exploração).
No Capitalismo Concorrencial a "questão social" foi tratada com freqüência como caso de polícia visto que o proletariado era considerado como classe perigosa. E o Estado era liberal em que tudo se resolveria no mercado e o Estado não poderia intervir na/regular a economia. O Estado protegia a propriedade privada, agia em situações emergenciais, formava e controlava os efetivos de defesa e repressão (os exércitos), mas não promovia Políticas Sociais. 
Os capitalistas visam a mais-valia e tem por objetivo a acumulação cada vez maior de capital (sem acumulação não existiria Modo de Produção Capitalista), porém este não é um objetivo só do conjunto dos capitalistas, mas de cada um, fazendo com que invistam em tecnologia como recurso da concorrência, logo só os possuidores e controladores de grandes massas de capital terão espaço na arena econômica, em que o processo de concentração de capital (acumulação de capital) juntamente com o processo de centralização de capital (fusão de capital) faz surgir os monopólios. Tem-se, então, o Capitalismo Monopolista. 
Sabendo-se que a acumulação de capital depende da exploração da força de trabalho (produz seu próprio valor e o excedente) compreende-se que isso traz conseqüências para os trabalhadores como o desemprego que resulta não só do progresso tecnológico e do desenvolvimento das forças produtivas, mas sim do desenvolvimento das forças produtivas sob as relações sociais de produção capitalista; pauperização absoluta (degradação geral das condições de vida e do trabalho) e relativa; e, o Exército Industrial de Reserva que possui funções como: forçar os salários para baixo, disponibilizar a força de trabalho através do deslocamento geográfico para novos ramos e, enfraquecer a organização política dos trabalhadores. 
Então, por essas alterações na vida social que passou a ser regida por monopólios e o fato da riqueza produzida ser cada vez mais apropriada por poucos (concentração de renda) e a pobreza crescer em razão direta a essa apropriação houve a necessidade de que a partir desse momento o Estado intervisse no mercado, regulasse a economia e enfrentasse as manifestações da "questão social" que estavam postas e esse enfrentamento se dará também por meio das Políticas Sociais que por mais que respondam a luta dos trabalhadores, visam a preservação, ampliação e legitimação do Modo de Produção Capitalista (produção e reprodução de mercadorias, mais-valia e relações sociais). Portanto, as Políticas Sociais surgiram no contexto sócio-histórico de passagem do Capitalismo Concorrencial para o Capitalismo Monopolista.
A relação das Políticas Sociais com o Serviço Social surgiu quando, na implementação destas Políticas, o Estado capitalista passou a requerer diversas profissões (dentre elas, o assistente social) como mão-de-obra contratada e com uma qualificação sócio-técnica em constante aprimoramento exigida por uma divisão do trabalho. Num primeiro momento, o Serviço Social atua nas Políticas Sociais com funções meramente executivas (executor final). Posteriormente, com o Movimento de Reconceituação, o Serviço Social rompeu com o caráter meramente executivo e passou a elaborar, coordenar e executar Políticas Sociais e, viabilizar a intervenção estatal sob a "questão social". A "questão social" é, então, o objeto de trabalho dos assistentes sociais tanto no Campo quanto na Academia. Porém o conceito/entendimento da "questão social" não é unanime na profissão, pois há uma variedade de referência teórica que compreende e atribui sentido diversos à "questão social". Portanto, sem a "questão social" não há Serviço Social, mas está longe o dia que a profissão irá acabar pelo esgotamento de seu objeto. Além dos limites impostos ao Serviço Social pela Instituição que o contrata, a situação de pobreza e de exclusão exacerbada, característica da sociedade capitalista, põe outro limite ao Serviço Social em que para reverter esse processo serão necessárias profundas modificações nas Políticas Públicas, mas também, na estrutura da sociedade capitalista.

Fontes:
GRANEMANN, S. "Políticas Sociais e Serviço Social" IN: REZENDE, I. e CAVALCANTE, L. Serviço Social e Políticas Sociais. 3ª ed. RJ: Editora UFRJ, 2009. 
NETTO, J. P. e BRAZ, M. "Economia Política: uma introdução crítica." 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2009. (Cap. 5). 
NETTO, J. P. "Cinco notas a propósito da 'questão social'". IN: NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. Cortez; São Paulo, 2007 (p. 151-162).
SOUSA, Charles Toniolo de. "A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional."
YASBEK, M. C. "Classes Subalternas e Assistência Social". São Paulo: Cortez, 1993 (p. 35-39).

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Estudo de Caso: Planejamento Familiar

Durante o primeiro encontro do Planejamento Familiar no CMS Milton Fontes Magarão, uma das usuárias relatou que já havia sido vítima de violência doméstica pelo ex-companheiro com quem chegou a ter um filho, sendo ele envolvido com o tráfico de drogas. Segundo ela, ela tentou várias vezes se separar, mas encontrou muita resistência por parte dele que chegou a seqüestrar alguns de seus familiares para que reatassem a relação. Teve um período em que ele esteve preso e ela o sustentou na cadeia e mesmo assim conseguiu comprar sua casa própria. Quando ele foi solto, foi morar na casa dela, como ela não queria mais manter a relação e ele se recusava a sair de lá, então ela mesma decidiu ir embora. Tempos depois ele foi morto e ela recuperou tudo que era dela. Hoje ela está casada com um outro homem muito diferente do ex-companheiro, afirma ela. 

No segundo encontro, durante a apresentação dos métodos contraceptivos, o atual marido da usuária levantou uma questão sobre quanto tempo o espermatozóide sobrevive fora do corpo, explicando posteriormente que o motivo da pergunta é que eles têm uma amiga homossexual (“que tem nojo de pênis”, segundo eles), mas que deseja ter um filho. Então, para ajudá-la eles estavam pensando e querendo saber se seria possível a amiga realizar uma “inseminação caseira” (recolher o espermatozóide da camisinha e injetar na amiga com uma seringa) ou que a usuária e o marido tivessem relação sexual e na hora da ejaculação, ele ejaculasse próximo a vagina da amiga. 

Será que este homem abriria mão da paternidade ou futuramente irá requerê-la? 
Como ficaria a relação dos três e de uma possível companheira da amiga? 
E a criança? 
Quais as conseqüências que podem ser acarretadas para essa usuária ao sair de uma relação “repressiva” para uma aparentemente “liberal”? 
Como o Planejamento Familiar pode agir nesse caso?

Fonte:
Observação, realizada pela estagiária Luanna Martins, dos encontros do Planejamento Familiar, coordenados pela assistente social Debora Telha, no Centro Municipal de Saúde Milton Fontes Magarão.