quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Seminário: Visita Domiciliar

A visita domiciliar é um bom instrumento para a pesquisa qualitativa, pois permite ao profissional interagir com o meio em que o indivíduo vive, potencializar o conhecimento do cotidiano do sujeito, observar, conhecer e compreender a realidade da comunidade, das pessoas e dos grupos. É uma forma muito rica de buscar subsídios para compreender os processos de vida e morte dos sujeitos. Promove a ampliação do nível de informações e conhecimentos (autocuidado, recursos sociais, ações políticas). Complementa as ações de vigilância. Possui como base as anotações em diário de campo que possibilita a visualização das limitações e das vantagens das visitas domiciliares. 

TRAJETÓRIA HISTÓRICA

Baseado em seu projeto ético-político profissional, que atualmente possui uma nova dimensão, a visita domiciliar visa conhecer o indivíduo inserido em seu meio/ambiente familiar, o que oportuniza um contato do profissional com os demais familiares, permitindo que se observe o contexto familiar e a disponibilidade de recursos na comunidade, ou seja, é a coleta de informações sobre as condições sócio-sanitárias da família, baseada em entrevistas e na observação do visitador. 

Contudo, o objetivo da visita domiciliar nem sempre foi vista desta forma, a trajetória da visita domiciliar já tendeu a variados propósitos, no séc. XIX a visita domiciliar era identificada como uma “visita amigável”, com o objetivo de ajudar o indivíduo que era um “ser desajustado” do meio social “harmônico” ao qual deveria se ajustar, tinha-se um cunho psicológico, com aplicação de técnicas de encorajamento, reestabelecimento de confiança, persuasão e expressões positivas para ajudar, com atuação voltada para a higienização das famílias, com foco na normalização social, onde a organização das famílias era regulada pelo Estado, que se utilizava de entidade religiosas e filantrópicas para esta finalidade. 

CLASSIFICAÇÕES 

Visita chamada – atendimento realizado na casa do indivíduo ou família devido algum tipo de limitação; 
Visita periódica – realizada com indivíduos ou famílias que necessitam de acompanhamento periódico; 
Interação domiciliar – indivíduos ou famílias que escolheram realizar o tratamento em casa, geralmente realizadas com usuários em fase terminal; 
Busca ativa – busca de indivíduos ou famílias faltosos. A visita domiciliar neste caso é um instrumento de coleta de dados para a prática de pesquisa e vigilância em saúde. Visa a prestação de um atendimento mais qualificado. 

MOMENTOS 

1º Planejamento específico – Definir as atividades prioritárias; organizar o material a ser utilizado, ou seja, a organização dos instrumentos para a abordagem das famílias que é importante na visita domiciliar como forma de coleta de dados, pois reflete-se na qualidade dessa abordagem na residência da família; refletir o tempo disponível para a realização da visita; o itinerário que facilite a locomoção, o que possibilita a redução do desperdício de tempo; e, o horário para que não atrapalhe as atividades das famílias. A visita pode ser agendada ou não, cabe ao profissional avaliar a necessidade ou não do agendamento, pois pode interferir de algum modo na espontaneidade da realidade, mas tendo como alicerce a postura ética na atuação profissional. Em relação ao tempo de permanência do profissional na casa do sujeito, não há tempo determinado, dependerá de distintos fatores que poderão estar presentes no momento, mas tem-se claro de que uma “visita curta” não tem muitas chances de desvelar a realidade de modo significativo. Os sujeitos têm o direito de não aceitar a entrada do profissional em sua casa, o respeito aos sujeitos no momento da visita é de extrema importância, o profissional ao identificar a realidade tal como ela é levando em conta as condições sociais e culturais daqueles sujeitos não pode envolver conceitos morais e culturais, sem preconceitos e discriminação, tem que se ter ciência de que o local onde é feito a visita é privativo dos sujeitos, onde a realidade social se apresenta de modo diferenciado da como vive o profissional. É importante realizar reuniões com os entrevistadores durante a realização das visitas domiciliares para que a vivências sejam discutidas e trabalhadas. 
2º Identificação – Explicação do motivo de estar ali. Dialogar com o usuário quanto a possibilidade, a necessidade, a finalidade, objetivo e ao se tratar de concordância, acordar data e horário, se possível e se o profissional achar necessário. Os sujeitos têm este direito. 
3º Quando se desenvolve o objetivo da visita – Durante a visita domiciliar se faz necessário o emprego de duas técnicas fundamentais, que são a entrevista e a observação. A entrevista poderá ocorrer com perguntas abertas ou semi-estruturadas, mas direcionada à situação social que indicou a necessidade da visita domiciliar. Já a observação ocorre no mesmo instante que a entrevista e visa apreender o que está à volta, ao que não é falado, as relações entre os sujeitos envolvidos. 
4º Encerramento – Feedback dos assuntos conversados, reforçar pontos positivos e promover a auto-estima. É necessário que os profissionais estabeleçam relações de fortalecimento, de autonomia, de promoção e de comprometimento com os sujeitos. 

LIMITES

Método bastante dispendioso dispõe de recursos humanos especializados; custo alto e dificuldades de locomoção (a organização dos trajetos que serão percorridos com a finalidade de racionalizar e diminuir os riscos); realizar a visita na hora de algum afazer dos entrevistados, ou de não encontrarem os entrevistados em casa (o fato do profissional não conseguir previamente identificar rotinas da família que possam impedir a efetividade da visita); tempo de locomoção e com a própria execução da entrevista; reação de algumas pessoas, familiares e sociedade em relação a visita domiciliar, algumas pessoas se negam a dar informações ou se referem a outros informantes; os registros cartográficos que nem sempre têm localizadas algumas vilas da cidade e, exatamente nesses lugares, localizam-se alguns endereços dos entrevistados; necessidade de obter permissão de traficantes para transitar na rua; e, muitas vezes as casas dos usuários não tem a proteção necessária ao sigilo. 

IMPORTÂNCIA

Prevenção da doença/riscos e promoção de saúde. Nos é permitido apreender a realidade tal como ela se apresenta, pois nos depararemos com o cotidiano dos sujeitos nas relações que os mesmos estabelecem em sua vida familiar e comunitária. Estar no local de moradia nos permite conhecer de modo mais apurado suas dificuldades, angústias, anseios, culturas, suas rotinas, as relações intra-familiares, tendo uma melhor visualização das relações humanas que se estabelecem e, por conta disso, os limites que estes mesmos sujeitos possam estar submetidos. Proporcionar um melhor relacionamento da família com o profissional. É necessário para processo de interação e compreensão/conhecimento da realidade da família visitada ouvir e buscar o significado do choro, do silêncio, da dor, pois a comunicação não se dá só através das falas, mas também por gestos, expressões faciais. 

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O profissional do Serviço Social deve ter como base o Código de Ética Profissional de 1993 e deter as dimensões teórico-prática, ético-política e técnico-operativa, pois é através da apropriação dessas dimensões que o profissional saberá compreender a linguagem dos sujeitos, a linguagem das relações, que também se dá no meio familiar e no meio social. Isso significa que o tempo de olhar as pessoas através de um “olhar clínico”, de abrir a geladeira e observar as condições de sobrevivência/higiene, de contar os imóveis, já passou. Visita domiciliar não é puramente investigativa, policialesca, não pode mais ser concebida como uma “caixinha de surpresas” que é aberta no momento da presença repentina do Assistente Social, ao se fazer necessária, a visita, tanto o profissional, quanto o usuário deve ter clareza do que se trata. A operacionalização das visitas deve ser feita de forma descontraída e flexível, diferente do cenário institucional; o modo como o profissional se porta também é determinante, quanto mais respeitosa, não intimidadora for a relação do profissional com o usuário, maior será a receptividade por parte do sujeito. Importância do visitador ser hábil, ter bom relacionamento, mostrar seu interesse, manter a neutralidade, ser cordial, criativo e gostar do que está se propondo a fazer. Necessárias, inclusive, quando o entrevistado está sob o efeito de álcool ou outras drogas, cabendo ao profissional uma maior capacidade de desenvolver uma sensibilidade para esta abordagem. Realização de visitas em grupo. 

DINÂMICA DE GRUPO

A dinâmica realizada em sala foi a apresentação de slides contendo os conteúdos simplificados da temática, após a apresentação foi feita a dinâmica de grupo, chamada "Jogo da Velha", onde foi dividida a sala em dois grupos, contendo um representante de cada grupo, o representante escolhia um dos nove quadrantes que estavam numerados, e ao responder corretamente o quadrante era marcado com um "bolinha ou xis". Aquele que conseguisse ganhar seria parabenizado, contudo, o prêmio (uma caixa de BIS) foi socializado para todos estudantes, preszando pela comunhão e integração de todos. Mas como o jogo deu "velha", o plano B foi o "Jogo da Forca", que possuia uma dica, e cada grupo tinha sua chance de advinhar uma letra ou a palavra-chave.


FONTES:

žPERIN, Silvana Dóris. A visita domiciliar como instrumento de apreensão da realidade social.Ciênc. saúde coletiva [online], 2010, v.16, p. 1-11. Disponível em: Ministério Público do Distrito Federal e Territórios Acessado em: 22/05/12. ž 
KEREN, Francisco A. Visita domiciliar: A linguagem de relações, s.d. 
ROESE, A. & LOPES, MJM. A visita domiciliar como instrumento de coleta de dados de pesquisa e vigilância em saúde: relato de experiência. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre 2004;25(1):98-111.